Saturday, November 08, 2008

Margaridas do Inverno


Areia em meus olhos
Olhos mergulhados naquela areia
Perfurando um mundo que não me pertencia
Grãos se dissolvendo no incômodo
De lágrimas efervescentes

Pálpebras que se abriam como asas quebradas
Mal a luz conseguia penetrar na pupila turva
E havia uma parede cristalizada
Impedindo de ver a estrada para a colina

Tentando costurar a ferida
Com uma linha que inexistia
Desejando criar mãos para atar o nó
Enquanto dedos esboçavam sorrisos em meu rosto

E nós corríamos para um mundo
Desfeito pela minha incapacidade de ver
Mas havia sabor em cada palavra
Pequenos punhais cômicos desferiam

Golpes em meus lábios fechados
Sorrir não desconstruía quem eu era
O sabor continuava durante os dias
Alguém ao meu lado não sentia medo

De matar margaridas ao plantá-las
Na noite do pior inverno
Pois sabia que elas brotariam
Assim que eu abrisse os olhos
Para tê-las em meus braços...

1 Comments:

At 11/10/2008 3:11 PM, Blogger Hanna Regen said...

angustiante. fechado. uma fresta de esperança. parabéns. :)

 

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