Friday, October 21, 2016


Olá, gente!Depois de alguns anos...hahaha!

Pessoal que ainda passa por aqui pra ler meu passado poético, confiram o blog novo sobre Moda, História da Moda, Estilos, Tendências e muito mais! Ah, e pra quem tá estranhando: roupas também podem ser poesia! E certamente é LINGUAGEM. TEXTO - TECIDO! OK? Beijos e deem uma força para os meus novos caminhos!

http://fashionistareflexiva.blogspot.com.br/

Thursday, April 09, 2009

Independência

O blog vai deixar de ser espaço só de poesias...todas minhas produções serão postadas aqui.
*Conto lido e aprovado pelo Charles Kiefer na cadeira de Escrita Criativa da PUC.
Imaginem a minha felicidade...


Era tanta indiferença naquele corpo esguio de felino que a menina acabou deixando de lado o pedaço de bolo de chocolate que saboreava.
O gato da costureira não estava interessado em deixar que o alisassem muito menos aquela menina estranha que não parava de engatinhar no chão (mesmo não sendo mais um bebê) para ir atrás dele. A costureira olhou em direção à mesa onde ficava a máquina de costura e avistou os dois “amigos” travando o primeiro contato.
-Acho que eles estão se entendendo muito bem!
A avó da menina virou-se para olhar no momento em que a menina colocou a pequena mão em forma de concha sobre a cabeça negra e peluda do gato; este a abaixou de leve, como se o carinho tivesse caído pesadamente sobre ele.
- Minha filha, te levanta do chão!Vai sujar toda a roupa!
A pequena parece não ter ouvido, pois continuou lá acariciando o animalzinho. A avó e a costureira conversavam, acertavam detalhes sobre tecidos, botões, bordados e rendas enquanto a menina maravilhava-se com o bichano. Após alguns minutos, suas carícias tornaram-se mais rápidas e ansiosas já que ele correspondeu-as com um breve ronronar; emocionada, decidiu pegá-lo no colo de barriga para cima. Feito uma minhoca ele conseguiu escapar dos seus fracos e delicados braços. Decepcionada, foi correndo para o sofá onde ele havia subido. Ele a olhava de soslaio e de vez em quando fechava as pálpebras com força, para logo abri-las em seguida e rever a menina com o sorriso estampado de orelha a orelha.
Só havia uma solução: tê-lo para si!O gato era lindo e poderia ser a sua mascote. Chegou perto da avó e receando a reação da costureira, falou baixinho para que ela não escutasse:
-Vó, eu quero aquele gatinho para mim.
-O quê?! Fala alto, guria!É feio cochichar na frente dos outros.
A costureira sorriu. A menina olhou desconfiada para ela, mas por fim reuniu coragem e disse:
-O gatinho... Queria o gatinho para mim...
A avó olhou meio contrariada para o bichano e a costureira disse que ela poderia levá-lo se quisesse, pois já tinha gatos demais. A menina emocionada correu em direção ao sofá e pegou o gato preto de qualquer jeito e o pôs debaixo do braço. Apiedada da neta, a avó resolveu deixar que ela o levasse para casa.
-Mas olha o jeito que tu pegas o coitado do animal!Deixa que eu carrego para ti.
A costureira deu uma caixinha de papelão para o conduzirem até a casa, satisfeita em ter conseguido dar o gato que ninguém queria por ser pretinho e vira-lata, como diziam. Mas aos olhos de uma menina de 5 ou 6 anos, era o bichano mais raro que se poderia ter como bichinho de estimação.
Chegando em casa, mostrou o gatinho a todos e o seguia onde quer que ele fosse. A avó serviu leite em um pires para alimentá-lo, e lá estava a neta ajoelhada ao lado do animal assistindo a cada lambida que ele dava. Se o bichano fosse para debaixo da cama, a pequena pegava uma vassoura para expulsá-lo de lá. Quando chegou a hora da janta, a comida precisou ser servida perto do gato, senão não havia jeito para que a menina jantasse.
A avó já estava pensando em uma maneira daquilo terminar. Por enquanto o animal ainda era novinho, mas e quando fosse adulto? Seria capaz de dar umas boas unhadas no rosto da menina. Até mesmo nos olhos e deixá-la cega!Não dava para facilitar. Então teve uma boa idéia: devolveria o gato para a costureira de manhã bem cedinho, enquanto a sua neta ainda estivesse dormindo.
Na hora de dormir, foi pior ainda. A menina não queria ficar longe do seu bichinho; desejava dormir com ele nos seus pés pelo menos. Como não lhe foi permitido, jurou a si mesma que a primeira coisa que faria ao acordar, seria ir ver desenhos animados e tomar mamadeira ao lado do seu companheiro felino.
A avó levou o gato para dormir na mesma caixa de papelão dada pela costureira. O animal estava exausto e mesmo assim conservava a altivez felina em seus modos; o carinho que recebera da avó era bom, mas não chegou a ronronar. Precisava dormir, depois de um dia todo sendo perseguido e sufocado.
-Tu não és um bicho de pelúcia, não é?Amanhã voltas para casa!
Quando a menina acordou no dia seguinte, correu para a área de serviço onde ela pensava que o gatinho dormia a sua espera, igualmente ansioso para revê-la. Mas não havia nem sinal do bichano.
-Vó! Onde está o meu gatinho?
A avó apenas respondeu:
-Fugiu minha filha. Gatos são assim, independentes...
A pequena não sabia bem que palavra era essa, por isso não entendeu direito o que eram os gatos. Ficou com um nó na garganta, mas não chorou. Sentiu um vazio no peito, a decepção. Ela havia cuidado tão bem dele...

Thursday, March 12, 2009

Furta-cor

A luz toca o tecido
Acende um vale entre as dobras
Glamour solar emprestado
Para a lagarta renascer da fantasia

Entre as pétalas da rosa
A sombra violeta é discreta
Por ser o acabamento da flor

É como ele usa o pincel
Mergulha em suas tintas
Nas cores da comédia escrita
Para obter o primeiro sinal do riso

Furto as cores
Pois ele me permite
E furta as cores de si próprio
Traços humanamente feéricos
Formam-se sobre a tela prestes a despertar

Tal como um tecido, opala
Pérola ou cristal
A graça floresce nos lábios
Sou furta-cor
Furto as cores do pintor de sorrisos.

Monday, February 09, 2009

Moedas Partidas


O pai pensou em dinheiro
Quando sentiu o vazio do estômago esfaqueá-lo
Fez tijolos transformarem-se em moedas
E construiu o império Daquele que Veio do Nada
Em um solo que ansiava pelo veneno
A mãe pensou nos filhos
Pensou na comida, dissolveu-se em cada prato
E desapareceu de vez nos olhos de cada criança
O mais velho roubou o cofre
E teve a permissão do pai
O filho homem, por ser homem
O melhor filho
As patas de um porco sobre o veludo do castelo
Filhas nobres,de narizes suínos e afiados caninos
Apreciavam o perfume da riqueza
A carniça imperial
Chupem o sangue morto, vampiras!
Suas porcas suicidas!

Sentei-me à mesa para um banquete
Há porcos comendo e moedas partidas
Debaixo de seus cascos a vergonha perdida
Sinto o desespero da burrice
A febre da inveja perturbar e enlouquecer
Os olhos secos que viram a Europa
E as mãos que cortam queijos finos
Bocas e cifrões, bocas e palavrões
A família cresceu e decresceu
Da nobreza são mendigos.

Saturday, November 08, 2008

Margaridas do Inverno


Areia em meus olhos
Olhos mergulhados naquela areia
Perfurando um mundo que não me pertencia
Grãos se dissolvendo no incômodo
De lágrimas efervescentes

Pálpebras que se abriam como asas quebradas
Mal a luz conseguia penetrar na pupila turva
E havia uma parede cristalizada
Impedindo de ver a estrada para a colina

Tentando costurar a ferida
Com uma linha que inexistia
Desejando criar mãos para atar o nó
Enquanto dedos esboçavam sorrisos em meu rosto

E nós corríamos para um mundo
Desfeito pela minha incapacidade de ver
Mas havia sabor em cada palavra
Pequenos punhais cômicos desferiam

Golpes em meus lábios fechados
Sorrir não desconstruía quem eu era
O sabor continuava durante os dias
Alguém ao meu lado não sentia medo

De matar margaridas ao plantá-las
Na noite do pior inverno
Pois sabia que elas brotariam
Assim que eu abrisse os olhos
Para tê-las em meus braços...

Monday, August 18, 2008

Mel no gramado

Para Eduardo, com muito amor. :)

Gotas de pôr-do-sol e tontura
No gramado
O verde escuro
Sob um anel dourado

Derramaram mel
Em teus olhos
Onde meu sorriso
É refletido em singular doçura.

Tuesday, August 05, 2008

...

Em breve, poesias novas. :D