Wednesday, October 03, 2007

Ballet Bizarro

As lâmpadas já estavam apagadas
Traças corriam entre as velhas páginas
Do livro que parecia ter sentido
Apenas para os bichos silenciosos

Um dia de nuvens doces
Degustadas em beijos ignorantes
O relógio parou,parou às seis horas
Um fim que ainda era hesitante

Não fiquei sabendo como aconteceu
Mas nossa velharia queimou-se
Em uma chama rosa e perfumada
Ao som do Lago dos Cisnes

Para o meu silêncio inocente
Você trouxe uma caixinha de música
O imã macio consome os seus olhos
E os leva para muito além da melodia

Sobre o centro espelhado da caixa
Uma pequena bailarina
De porcelana branca envernizada
Dança sob as cores do espectro solar

Ela tem no lugar dos olhos
Duas águas -marinhas cravejadas
Onde a face dele se reflete
Durante os passos da dança bizarra

Apenas um lago vermelho
Onde cisnes negros se afogam
Enquanto seus dedos continuam
Dando corda na caixa de música
Para abafar o som que emito em vão

Seria eu detestavelmente humana?
Seria um perigo ir ao chão
E não me desfazer como uma porcelana ?
Seria uma ofensa ao seu amor
Não dançar em uma caixa de música
Que caiba na palma da sua mão?

Gira e caminha nas pontas dos pés
Eu tropeço em meus próprios pés
Destruo meus joelhos e lá permaneço
E ela flutua no ar como qualquer coisa onírica

A bailarina ousa dançar com irônica doçura
A música que juntos erramos os passos
Boneca cósmica amada em todos os idiomas
Dance no compasso da minha loucura!