Saturday, September 23, 2006

Estrela Branca

A poeira na água
E o raio de sol inválido
Entre as cortinas do quarto pela manhã
O esboço desconhecido de uma estrela
Que conseguiu fugir do céu
Para se quebrar antes de cair
Não me permitiram
Juntar os pedaços
Por serem cortantes como vidro

E por mais que me fizessem sangrar
Nunca saberei se minhas mãos
Poderiam conduzi-la ao lugar mais alto
Do qual ela fora obrigada a fugir

E desde então o sol se põe sem a minha permissão
E mesmo que eu encontre pelo que restou da estrela
Sei que vou preferir admirar os pedaços cintilando no chão
Por medo de tentar fazê-la reviver e ser ferida
Tentando inutilmente elevá-la e ser vencida
Pela estupidez de mais uma fraqueza.

Monday, September 11, 2006

Palavras e Pedras

As mãos se abriram
E para o chão de poeira
De onde vieram
Agora elas voltam
As pedras...

Elas sentiam o calor
E a frieza desse olhar
Percorrerem por sua aspereza
Triste e natural
Lentamente...

Tenho as palavras
Tuas eleitas
Em minhas mãos
Formando versos para me fazer ver
Sou como uma delas...

Uma das pedras
Que agora adormecem
No silêncio da terra
Aceitando o teu prometido
Abandono

Perdido ou certo
Eu tenho o que terás
Sendo como o que tu deixou para trás
Carrego a marca
Das pedras que foram tocadas

Poderia te alcançar agora
Se as minhas palavras não estivessem
Todas petrificadas.

Friday, September 01, 2006

Sinceridade & Lágrimas

Agradeço a sua sinceridade
Cortante e dolorida
Desenhando sobre o tecido cardiovascular
Flores ao redor da recente ferida
A cor viva das pétalas
Impedindo a cura tão invisível
Suas palavras queimam
A seda rasgada na qual envolvi
O que agora é apenas medo e cinzas
Assoprando o que resta
Do que já era pouco
Sua voz como um eco
Repetindo o conhecido decreto
Amizade que me machuca
Dissolve uma ponta de sonho quebrado
No ácido profético da insensibilidade
Ou seria insanidade?
O real pode não ser o que vemos tão claramente
No claro também existem cantos escuros
Peço que abra meus olhos
Com a luz límpida de uma verdade
Que não pertença aos que só conseguem ver
O óbvio que flutua na superfície da realidade.