Wednesday, November 08, 2006

Púrpura

Um grão de luz púrpura
Desenhando espirais
Que conduzem ao infinito do silêncio
A fumaça murmura
Sobre tornar o tempo perdido
E escurecer esse mundo
Para que meus olhos aceitem
A noite contínua a esconder um vulto
E as gotas de sangue que verteram
Do espelho no qual abandonei meu reflexo

As unhas querem perfurar o vidro
A vergonha de ter aberto
Um buraco para brincar no vazio
Não há caminho que vá tão longe
O medo de ficar sozinha
Vendo o grão de luz púrpura
Tornar-se uma agulha de gelo
Pronto para lançar-se
No emaranhado de minhas veias metálicas
Que uma vez mais derreterão
Como o ouro que se conforma em ser moldado

A luz púrpura vai enfraquecendo
À medida que vou fechando os olhos
Para as flores do cemitério
A minha escuridão é um dia
Muito distante do caminho entre espirais
Que engoliram o grão de poeira que você era.