Saturday, December 23, 2006

A Morte do Anjo Amarelo

Última poesia do ano...ia publicar só no dia 31,mas sempre que eu faço alguma coisa nova,não consigo esperar,tenho que publicar rapidinho!^^ Adeus,2006....E que venha 2007!Ah,e é claro...
**Feliz Natal!** ;)

Escondo o que restou

Daquela morte
Longe dos meus olhos
Longe dos seus olhos
Para o mundo esquecer
Enquanto há alguém
Reconstruindo, dando vida e pulsação
Ao que já não é lembrado
Nem pela própria maldição

Quem conheceu o morto
Debaixo dos lençóis do engano sabe
Nem todos os anjos são bons
Nem todos anjos sorriem
Alguns amaldiçoam e desprotegem
Se não ouvirmos o medo guardião
Dizendo que um punhal pode
Aliviar a dor provocando outra
Quase imperceptível
Seremos mortos pelo drama
Presente na luz que não se apaga
Nos olhos onde só existem geleiras

Matei,enterrando meu corpo
E respiro o ar de um cemitério em ordem
A calmaria quase se transforma em angústia
Mas tenho um anjo que sorri e me abraça
Pois como se eu fosse uma rosa
Roubou-me antes que eu secasse
Sobre um túmulo vazio

Alguém vestindo o mundo ainda traz de volta
A figura doente e decomposta - o anjo amarelo
Atenção que sem querer se prende a ele
Toco meu peito com os dedos
Sinto-o como uma muralha espinhenta
Minha mão volta trêmula
Desesperadamente apática e sangrenta
Com vergonha tento escondê-la
Entre nuvens brancas que se mancham em vermelho.

Monday, December 11, 2006

Monsters


Você aprende a viver
E descobre tudo o que eles queriam
Que fosse descoberto por você
Olha para trás com nojo
E escarra nos vestígios do passado
Enquanto eles persistem
Até conseguirem reduzir a poeira
O sorriso que aos poucos foi conquistado
Alguém continua chamando
E você teima em olhar mesmo sabendo
Que não há mais nada à sua espera
O espelho ainda mostra a verdade
Uma pessoa que fugiu para esquecer
Buscando o sol em uma noite de tempestade
Fugindo de quem também um dia fugiu
Nada mais grotesco e idiota
Você está vivendo e sentindo o mundo
Até o momento em que chega a madrugada
A felicidade parece tão fraca apesar de bonita
Sua covardia impede que a máscara dela caia
Medo de ver a face descoberta
Pois sabe que sua nova realidade
É como um diploma na mão
Você aprendeu a viver com desespero
Fugindo para nunca ser morto na solidão
Pelos monstros que agarram seus pés
Quando os ponteiros do relógio parecem voltar.

Sunday, December 03, 2006

Em Um Canto Silencioso


Posso ver a morte de uma estrela
Nas pupilas endurecidas
Confortavelmente mascaradas
Sangrando em violeta e ouro
Minha morte em espetacular agonia
Um enterro entre luzes débeis
Que se disfarçam sob as cores apodrecidas

O vazio e o terror
Fez questão de deixá-los
No buraco negro
Souvenir da poeira estelar
Na palma da mão direita

No quarto a janela
Mostrando a calçada que me oculta
E as pessoas ao seu redor
Carregando uma marca estranha
Para serem reconhecidas
De um modo que eu nunca poderia ser

Entre suas obscuridades
Sei que estou escondida
Junto ao que foi julgado perigoso e inútil
Todos os que não devem mais respirar
Apenas durmo na sombra dos que lhe cercam

Anônimamente ainda vivo
No sôssego da desolação
Do canto onde você me paralisou
Ao som do silêncio tão reconfortante
Quanto o gelo sobre uma queimadura do sol de verão.