Monday, June 16, 2008

Abraço Insone

Ele disse que encontrou o caminho de volta para si mesmo
Nestes braços desesperados e insones

É onde você quer dormir?
Com a cabeça sobre a porta da prisão
Todas as vozes que gritam
E todos os gemidos que assombram lá dentro
Você não tem medo de tudo o que eu posso ser?
É onde você não sente o vento importunar?
Mas eu sou o ciclone
Que afasta e se afasta, volta e se revolta
Sempre tampando a boca com as mãos que você beija
Meu abraço é quente, se a morte o for também
O calor que você busca em mim
É a tristeza pedindo para ser curada
Nesses braços que você quer dormir
Eu quero me libertar.

Sunday, June 01, 2008

O Corvo Branco

Algumas letras arranham no céu da boca
Um bando de borboletas selvagens
Rebela-se em meu estômago

Abri a janela para enxergar a árvore desfolhada
O pássaro branco sem olhos
Pousa sobre um galho seco

Ele sabe que estou aqui
Minhas pálpebras queimam
E me pergunto se ainda posso esperar

Não há manchas de sangue
Penas brancas, como um deserto
Onde toda a clareza é escuridão e ausência

Arrancaram a alma sem sujar as penas
Com a flor de sangue que brotou da tua cegueira

Enfeito meus cabelos e vou até a janela
Ver-te calado pela secreta indiferença.