Nova Visão
Com os olhos iluminados
Pela luz austera da verdade
Vejo os vermes que antes via como flores
Brotarem da tua pele horrenda
Palavras temerosas e suaves
Que julguei como resultado da delicadeza
Agora percebo o desprezo de uma pantera
Desejando sangrar por dentro sua presa
O ódio fez da noite ébria de euforia
O inferno astral que ocultei de mim mesma
Lágrimas e trevas, sombras, demônios aceitos e bem-vindos
Meu amor enxergou cores patéticas na escuridão tremenda
Compreendeu e abraçou o inimigo
Cobriu de beijos o Guardião do Tédio
Acolheu a dor, e à alegria negou abrigo
Com o ódio posso ver o que é
A perversidade do teu mundo fétido
A decomposição da tua alma sórdida
Condenada a ser engolida por uma estrela morta
Que te espera no céu apunhalado do submundo
Meu amor foi mentira e prisão numa farsa chamada vida
O ódio curou a peste que invalidou meus olhos
Libertou-me do trágico delírio em que vivia
Todo dia, sorrindo a cada gemido de agonia.