Thursday, May 18, 2006

Nova Visão

Com os olhos iluminados

Pela luz austera da verdade

Vejo os vermes que antes via como flores

Brotarem da tua pele horrenda

Palavras temerosas e suaves

Que julguei como resultado da delicadeza

Agora percebo o desprezo de uma pantera

Desejando sangrar por dentro sua presa

O ódio fez da noite ébria de euforia

O inferno astral que ocultei de mim mesma

Lágrimas e trevas, sombras, demônios aceitos e bem-vindos

Meu amor enxergou cores patéticas na escuridão tremenda

Compreendeu e abraçou o inimigo

Cobriu de beijos o Guardião do Tédio

Acolheu a dor, e à alegria negou abrigo

Com o ódio posso ver o que é

A perversidade do teu mundo fétido

A decomposição da tua alma sórdida

Condenada a ser engolida por uma estrela morta

Que te espera no céu apunhalado do submundo

Meu amor foi mentira e prisão numa farsa chamada vida

O ódio curou a peste que invalidou meus olhos

Libertou-me do trágico delírio em que vivia

Todo dia, sorrindo a cada gemido de agonia.