Sobre Criancices e Velhices
*50ª postagem...Então,espero ter caprichado. ^^Um velho cuja face era lisa
Na secura da voz
Escondiam-se as rugas
Gestos envaidecidos pela solidão
Portas e mais portas
Uma tampa de mogno
Ela batia e batia
Chamava em uma língua
Que ele não falava mas compreendia...
Era sempre tão noite
E as estrelas tão fundas
Provando o azedume das letras
Que se lhe tornavam macias na garganta
Sob a tampa via o velho
A menina enxergou-se nele
Como em uma poça de água turva
Ainda assim reconhecia-se
Em sombra líquida seu rosto flutuava...
Podia ver num espelho de pupilas
A sua imperfeição contornar a dele
Mas era sempre de lá expulsa
Batia,batia e insultava
O velho sabia aquela língua
E no mesmo idioma golpearam-se.
A poça secou,as batidas cessaram
Um pedido ironizado reluziu
Na porta,na tampa,na cova
No silêncio que crianças velhas
Abriram no peito enegrecido do céu.